Recomeço

Todos nós temos uma história, uma história de vida, história para contar ou talvez guardar. A minha história é totalmente diferente de tudo que você já leu. Ela tem raiva, dor, traição, depressão, alegria, paixão, compaixão, desespero, angústia, paixão excessiva, paixão obsessiva, segredos, amor, um amor diferente de tudo o que já sentimos, um amor como de pais.
Nunca fui uma pessoa muito extrovertido entre meus amigos, talvez um pouco simpático com os mais conhecidos e pouco debochado com os de fora, assim era meu comportamento, mas sempre carregado de sinceridade. Sempre me iludi com as conversas fiadas no fim da noite, um trago aqui e ali era bem-vindo entre a turma que se aglomerava.  Com os cabelos bagunçados, um olhar mais centrado e roupas escuras era o que mostrava meu estilo, ás vezes me empolgava e vestia algo mais estiloso para chamar a atenção.
Nos dias vagos curtia um bom rock cercado de livros, pra matar tempo escrevia uns poemas e outras bobagens pra compartilhar minha tristeza com os rabiscos pra alguém nunca ler. Tinha uma menina que conheci em uma festa, ela tinha cabelos castanhos, olhos castanhos e uma boca muito linda, adorava ir pra rua tragar um cigarro e olhar as estrelas, em meio a uma festa notei esse ser tão diferente de todo mundo, calçava um All Star azul e uma calça preta com a camiseta do Legião Urbana, tinha uma tatuagem no ombro que não sabia identificar o que era. Queria me aproximar, jogar conversa fiada, mas apenas fiquei fitando ela a noite inteira de longe, entre um olhar e outro ela me notou, e como notou, notou com um sorriso e os olhos brilharam tanto que senti uma faísca riscar meu peito.
Me aproximei, quanto mais conversávamos, mais sentia vontade de saber sobre ela, sobre sua vida, suas vontades, enfim sobre tudo. Suas mãos eram suaves e sua voz doce, tinha um sotaque bem forte um perfume marcante. Descobri que tínhamos muito em comum, com apenas duas horas de conversa foi necessário para trocarmos bons papos, estava mais divertido conversar e beber com ela, do que estar ao lado dos amigos em uma festa, que para mim estava perdendo a graça. E a graça achei nela, naquele canto meio claro, uma pessoa tão empolgada com a vida e feliz em fumar aquele cigarro.
A festa terminou, e olhei para ela querendo um beijo seu, mas sabia que ainda estava cedo para novas sensações, nos despedimos e apenas senti o rastro do seu perfume pelo ar. Me senti envolvido com aquele abraço e por sua beleza, inteligência e charme. No outro dia só pensava naqueles olhos castanhos me olhando a noite toda, mesmo meio tímido tentei ser mais engraçado, acredito que para meus amigos não tenha dado certo, pois boa parte da noite os deboches vindo deles eram cruéis.
O mais engraçado de tudo é que não peguei seu contato, não sabia seu sobrenome para procurar nas redes socias. Mesmo que as buscas tenham sido inúmeras para encontrá-la, todas não tiveram nenhum sucesso. Passei dias atormentado por aquela beleza, lia um pouco, escrevia, tomava café, escutava rock, mas nada adiantava.  Meus amigos até serviam de distração, na faculdade também ficava mais desligado de pensar nela, socializar com a galera era bacana pois conversávamos sobre vários assuntos e sempre acabávamos em um barzinho no fim da noite bebendo uma cerveja. Até que por hora achei melhor ir embora, já estava tarde, sentia uma tristeza enorme por passar dias sozinho. Era perseguido por pensamentos tristes que não agregavam a nada, parece que aquele brilho que aquela garota tinha despertado em mim havia apagado, minha vida estava novamente no mesmo ciclo.
Meses antes, uns 9 meses para ser exato tinha tido problemas com uma ex namorada, infelizmente algumas pessoas não aceitam um termino de maneira agradável. Ela havia me perseguido de diversas formas, incluindo em festa e jantares com amigos, até que me limitei a ficar me expondo ao ridículo com uma pessoa que não queria tocar a própria vida. Fiquei aproximadamente 5 meses sem sair, ficava mais em casa olhando um filme, estudando e viajando quando podia, era melhor que encontrar uma ex que só queria atormentar meu dia. Com a morte de meu pai, a barra ficou mais pesada, comecei a ter mais compromissos em casa para poder ajudar nas despesas e responsabilidade como irmão mais velho. Quando completou seis meses, precisei sair, senão ia explodir era muita coisa na cabeça e nada se resolvia. Então quando a ex definitivamente parou de surgir em todos os locais que frequentava, comecei a sair mais com a galera, ratear muito e pensar até em conhecer alguém novamente.
Quando estou dobrando a esquina vejo uma pessoa se aproximar de mim, e percebo que aquele perfume que se aproxima, na verdade o vento embalava até a mim, era conhecido. Quando finalmente ela apareceu, e aquelas faíscas que eu sentira na festa, tinham sido reacendidas novamente através do abraço dela. Será o início de uma nova amizade? Paixão? Um amor? Uma desilusão? Ou apenas mais uma história para contar?
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Diana Bonini

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